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A 19ª Edição do Parlamento Jovem (PJ Minas) é aberta

Atualizado: 14 de jan.

Katia Torres/Mateus Monteiro



A 19ª Edição do Parlamento Jovem (PJ Minas) foi oficialmente aberta no dia 20 de março, como uma iniciativa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), por meio da Escola do Legislativo (ELE), em parceria com a PUC Minas. Esse programa de formação em cidadania e política, voltado aos estudantes do ensino médio dos municípios mineiros, tem dois grandes desafios em 2023: aproximar os jovens participantes da política e do mercado de trabalho.

 


Virada de Chave


O PJ Minas se destaca dos demais programas estaduais pela forma como foi revitalizado em 2014 com a parceria da PUC Minas e a Escola do Legislativo. O convite veio da própria ALMG. A inspiração da equipe foi no sentido do trabalho em rede a partir da implantação da metodologia ativa.


A mudança principal foi abandonar o formato de simulacro do legislativo e assumir, com mais ousadia, estratégias de ensino que incentivam os estudantes a aprenderem de forma autônoma e participativa, por meio de problemas e situações reais. Dessa forma, os jovens passaram a ter uma posição ativa no programa. “Fizemos a primeira experimentação de não simulação. A primeira do país. E, até hoje, esse grau de participação que a gente tem com essa capilaridade nas ações de formação é único”, explica Alexandre Teixeira, coordenador do PJ na PUC Minas.


O assunto de cada edição é escolhido pelos próprios participantes. O tema de 2023, “Jovem e mercado de trabalho”, vem ao encontro da atual situação do país: cerca de 3,7 milhões de jovens brasileiros estão desempregados.




A cada ano, os participantes escolhem um tema a partir de critérios como originalidade, relevância e conexão com tópicos de interesse da juventude. Com essas características, o tema pode vir a se tornar uma sugestão de lei. A estudante Sthefany Campos Neves, de 15 anos, representou o município de Extrema-MG durante a Plenária Regional do parlamento em 2022 e defendeu fortemente a escolha do tema da edição deste ano. Para justificar a relevância da discussão “Jovem e mercado de trabalho”, ela denunciou as desigualdades sociais vivenciadas nesse contexto. Sthefany argumenta que para o jovem rico é possível apenas estudar, enquanto jovens de baixa renda, normalmente, levam uma rotina exaustante de trabalho, pois são peças-chave na complementação de renda familiar.


O objetivo do tema para Sthefany é a possível aprovação de projetos de lei que promovam mudanças na grade curricular escolar, de forma a incentivar os alunos a compreenderem seus direitos como trabalhadores assim que saírem da instituição. Alexandre Teixeira reforça que o programa incentiva o jovem a se posicionar como cidadão, o que resulta em engajamento para produção de propostas que são conectadas com seus próprios interesses e direitos.


Dessa forma, as proposições serão feitas como qualquer outro cidadão pode fazer no legislativo e podem se tornar uma proposta de ação complementar. Foi o que aconteceu com a PLE nº 19/2007, enviada pelo PJ Minas e aprovada, que tratava da distribuição obrigatória de merenda escolar para os alunos do ensino médio da rede pública em todos os turnos.

 


Expansão Planejada


As Coordenadoras do PJ, Leandra Martins e Veruska Gontijo, explicaram que o programa está aberto: "Pode ser qualquer região, qualquer quantidade. A gente não faz nenhum filtro para quem quer entrar no PJ. Porque o objetivo do projeto é que ele aconteça nos 853 municípios”. Gontijo ressalta que a presença de parceiros nos municípios participantes, sejam eles universidades, escolas e até profissionais liberais, permite uma maior troca de saberes para fortalecer essa grande rede de formação política.

 


Efeitos na Sociedade



Os esforços do Parlamento Jovem vão ao encontro das necessidades do país. Dados apresentados pela Pesquisa Juventudes no Brasil (coordenada pelo Observatório da Juventude na Ibero-América - OJI) constatam o desafio de atrair o jovem para uma participação política mais efetiva: 72% dos jovens entrevistados nem mesmo conversavam sobre política. O levantamento foi realizado antes da pandemia de Covid-19.


Esse cenário dá brecha para a ascensão do discurso antipolítica que nega a importância dos freios democráticos frequentes entre os Três Poderes da República. Os famosos políticos “outsiders” são facilmente venerados por uma população sem consciência política e são peças fundamentais para medidas de desmantelamento das instituições democráticas e aprovação de políticas de cortes de gastos em setores estratégicos.


Sobre esse perigo, Alexandre Teixeira cita um dos aprendizados mais importantes: “Não tem vazio de poder. Se você não ocupa o seu espaço como cidadão, esse espaço vai ser ocupado por alguém”.


A diretriz do projeto, em resumo, nas palavras de Alexandre, é: “Fazer com que o jovem de fato se interesse por essa boa política, como objeto de mudança. Porque é pela educação que se muda”.

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