A importância da educação midiática no combate à desinformação e às bolhas digitais
- Katia Torres
- 2 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de jan.

A desinformação tem se tornado um desafio cada vez maior para a sociedade, especialmente entre os jovens, que estão mais expostos às mídias sociais e às novas tecnologias. Nesse contexto, o combate à desinformação deve ter como foco principal a educação midiática de crianças e adolescentes, capacitando-os para interpretar criticamente as informações, produzir conteúdos de qualidade e participar de forma responsável na sociedade.
Instituições de ensino, em parceria com veículos públicos de mídia, como emissoras de rádio e TVs educativas, públicas e universitárias, têm um papel fundamental nesse processo. Iniciativas como o programa Educamídia, fruto da parceria entre o Instituto Palavra Aberta e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são exemplos de como a colaboração entre diferentes setores pode contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes e engajados.
Ao capacitar professores e organizações de ensino para abordar temas como o uso ético e responsável das novas tecnologias, especialmente no contexto eleitoral, o programa Educamídia está preparando os jovens para lidar com os desafios impostos pela desinformação. Atividades que exploram a inteligência artificial e suas potencialidades e riscos nas campanhas eleitorais estimulam a reflexão crítica e o debate entre os estudantes.
Investir na educação midiática da juventude é essencial para fortalecer a democracia e garantir a integridade das eleições. Jovens bem informados e capazes de identificar e combater a desinformação serão cidadãos mais preparados para participar ativamente dos processos democráticos e defender os valores da sociedade.
O impacto das bolhas digitais na democracia
A matéria de Camilla Almeida (2023), publicada no Portal da USP, apresenta a pesquisa de Emerson Palmieri, também da USP, sobre o conceito de bolhas digitais e seu impacto na democracia. Segundo Palmieri, as bolhas digitais se assemelham a uma câmara de eco, onde as ideias são difundidas apenas entre pessoas que detêm linhas de pensamento parecidas. "Elas são loopings comunicativos, que são criados pela repercussão de um mesmo tema ou conteúdo de um grupo", destaca o pesquisador.
Esse ambiente gera uma falsa ideia de debate multiplural, já que a diversidade de pensamentos é inexistente – os usuários apenas estão interagindo com ideologias alinhadas a suas visões. De acordo com Palmieri, esse cenário contribui para o empobrecimento do ideal democrático. "As câmaras de eco apontam para o oposto dos ideais democráticos. Porque elas tendem a suprimir o diálogo, colocando cada um ali em sua zona de conforto e isolamento. É uma democracia triste, né?", afirma Palmieri.
O pesquisador também investigou diferentes perspectivas sobre as redes sociais e seus algoritmos, observando o caráter ambivalente da comunicação digital. Ele destaca a complexidade do tema e reforça a necessidade de mais pesquisas que explorem o assunto. Sobre perspectivas futuras, Palmieri almeja estudar duas hipóteses: a preexistência das bolhas antes do surgimento das redes sociais e a criação de bolhas baseada justamente no contato com ideias diferentes – a diversidade de conteúdo não seria necessariamente o que causa o isolamento digital.
O artigo completo, intitulado "Social media, echo chambers and contingency: a system theoretical approach about communication in the digital space", foi publicado na revista Kybernetes.
Fonte: Jornal da USP. Autor: Emerson Palmieri.

O combate à desinformação deve ser uma prioridade para toda a sociedade, com ênfase na educação midiática da juventude. A parceria entre instituições de ensino, veículos de mídia e organizações da sociedade civil é fundamental para o sucesso dessa empreitada, contribuindo para a formação de uma geração mais consciente, crítica e engajada na construção de um futuro melhor para todos.
Além disso, é essencial compreender o impacto das bolhas digitais na democracia e buscar maneiras de promover o diálogo e a diversidade de ideias no ambiente online. Somente através da educação, da conscientização e do esforço conjunto poderemos enfrentar os desafios impostos pela desinformação e pelas câmaras de eco digitais, fortalecendo assim os valores democráticos e a participação cidadã.A importância da educação midiática no combate à desinformação e às bolhas digitais
Comentarios