Mesmo com voto não obrigatório, extrema direita perde eleições na França
- Katia Torres
- 1 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jan.

Em um domingo de suspense e ansiedade, a França vivenciou o segundo turno das eleições legislativas, marcado por uma participação recorde e resultados surpreendentes. Mesmo com o voto não sendo obrigatório, os eleitores franceses compareceram em massa às urnas, demonstrando um engajamento democrático notável em um momento crucial para o país.
As projeções iniciais apontam para uma vitória inesperada da aliança de esquerda, a Nova Frente Popular, seguida de perto pela coalizão centrista do presidente Emmanuel Macron. Já a extrema direita, representada pelo partido Reunião Nacional de Marine Le Pen, que havia liderado o primeiro turno, ficou apenas em terceiro lugar.
Este resultado é um golpe significativo para a extrema direita, que esperava capitalizar a insatisfação popular e assumir um papel de destaque na Assembleia Nacional. No entanto, uma frente republicana formada por partidos de centro, ecologistas e de esquerda conseguiu barrar a onda populista, em um movimento similar ao da eleição presidencial brasileira de 2022, quando Jair Bolsonaro foi derrotado.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em uma postagem no X, expressou sua satisfação com o resultado: "Muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França que se uniram contra o extremismo nas eleições legislativas de hoje. Esse resultado, assim como a vitória do partido trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social. Devem servir de inspiração para a América do Sul."
Já o presidente francês Emmanuel Macron, que havia convocado as eleições antecipadas após a derrota de seu partido nas eleições europeias, agradeceu aos eleitores em um post: "Votado. Obrigado a todos aqueles que permitiram que a votação corresse bem: vocês mantêm viva a democracia. Cidadãos às urnas!"
Com a formação de um parlamento fragmentado e sem maioria absoluta, a França enfrenta agora o desafio de formar um governo estável. Jean-Luc Mélenchon, líder da Nova Frente Popular, apelou para que Macron convoque seu grupo para formar um governo, sinalizando a possibilidade de uma coabitação política. No entanto, o campo de Macron não garantiu que irá conceder o cargo de primeiro-ministro à esquerda.
O processo de escolha de um governo agora depende de negociações delicadas entre Macron e a NFP. Os últimos três anos da presidência de Macron serão marcados por um enfraquecimento de seu poder, exigindo habilidade política para navegar em um cenário de divisão.
Apesar da derrota, a extrema direita conseguiu ampliar significativamente sua participação política, o que serve de alerta para a necessidade de abordar as questões que alimentam o descontentamento popular. Jordan Bardella, líder do Reunião Nacional, denunciou o que chamou de "acordos nojentos" entre os partidos para impedir o avanço de seu campo.
As eleições legislativas francesas de 2024 demonstram que, mesmo em tempos de polarização e desafios, a democracia encontra caminhos para se renovar. A alta participação e a rejeição ao extremismo são sinais encorajadores de que o diálogo e a busca por políticas voltadas para o bem-estar social ainda prevalecem. Cabe agora aos líderes políticos franceses honrar a vontade expressa nas urnas e trabalhar em prol de um futuro mais justo e inclusivo para todos.
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