Sá Amélia resiste: barro branco, bodoque e pescaria
- Katia Torres
- 5 de jan.
- 12 min de leitura
Atualizado: 6 de fev.

Era uma imagem que saltava das memórias de Teresa, neta de Sá Amélia: a avó, aventurando-se pelo mato acompanhada das netas, cada uma munida de um bodoque. A cena, quase mítica, simbolizava a força silenciosa e a sabedoria intrínseca daquela mulher, cuja presença em Coronel Murta era ao mesmo tempo familiar e envolta em mistério.
A memória de Sá Amélia
Enquanto criança, minhas caminhadas pelas ruas da pequena e semiárida Coronel Murta eram marcadas por um cenário contrastante — do córrego lindo com uma pequena ponte, mas poluído pela falta de rede de esgoto na cidade, às margens vastas e acolhedoras do Rio Jequitinhonha. Essas paisagens, testemunhas de tempos idos, serviam de palco para as histórias não ditas e fragmentos de resistência que permeavam a vida de Sá Amélia.
Eu me lembro perfeitamente, como se fosse hoje, que antes de concluir a subida da íngreme ladeira de terra, meu olhar era atraído para aquele casebre. Menor que os demais, e que se distinguia de qualquer casa que eu já tivera visto: o piso, as paredes e o fogão à lenha eram cuidadosamente preenchidos por barro branco, que com certeza Sá Amélia lustrava de quando em quando. Os panos coloridos e baratos, comprados a metro na única loja de tecidos dali, substituíam as portas dos cômodos internos.
Eu podia imaginar o pouco que restava do casebre: a cozinha com panelas areadas, o quintal com uma possível horta e o fogão certamente com uma bulha de barro para ferver água. "Íamos à noite para o rio, ela pescava de anzol, mas dizia pra nós que também pescava com lança feita de pau de aroeira", relata Teresa: "Ela dizia que os peixes dormiam nas margens e ela jogava a lança."
A imagem de Sá Amélia, silhueta recortada contra o céu noturno, empunhando uma lança como seus ancestrais, é um testemunho vivo de uma herança que se recusava a morrer.
A história por trás da história
O que Sá Amélia talvez não soubesse, ou escolhesse não revelar, era que sua presença em Coronel Murta fazia parte de uma narrativa muito mais ampla e antiga. Os Aranã, pertencentes à família Macro Jê (a mesma dos Krenak), originalmente ocupavam um extenso território nos vales dos rios Mucuri e Jequitinhonha. Segundo estudos da indigenista Geralda Soares, os Aranã mantiveram a posse de grande parte de seu território tradicional até meados do século XIX, quando o Vale do Mucuri começou a receber imigrantes alemães incentivados pelo Estado brasileiro.
A região, hoje conhecida como Coronel Murta era habitada pelos Tocoyós. A historiadora local Mery Murta relata: "Se for para voltar lá atrás do passado, quem habitava o território, naquela região que pertence ao Vale do Jequitinhonha, eram os povos indígenas Tocoyós que moravam na fazenda Tocoyós em Coronel Murta. Eles foram expulsos pelos desbravadores, que lá chegaram por volta de 1700. Expulsaram, muitos foram dizimados e outros se tornaram escravos dos senhores que ocuparam suas terras, inclusive meus parentes ancestrais fizeram isso. Foram índios Botocudos, Tocoyós, Aranãs..."
Este relato nos oferece um vislumbre do turbulento período de colonização, quando os povos indígenas enfrentaram deslocamento forçado, escravização e dizimação. É possível que os antepassados de Sá Amélia tenham vivido essa história de resistência e adaptação.
Mas essa herança, como o peixe escorregadio nas águas do Jequitinhonha, era difícil de agarrar. "Ela nunca falou para nós que era indígena", revela Teresa. "Sobre sua origem, nada."
O silêncio como estratégia
O silêncio de Sá Amélia sobre suas origens não é incomum. No final do século XIX, muitos povos indígenas da região, incluindo os Aranã, foram forçados a buscar abrigo na tutela eclesiástica. O Aldeamento Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri, fundado em 1873 pelos Capuchinhos, é um exemplo disso. No entanto, uma série de eventos trágicos, incluindo uma seca severa em 1893, levou a uma revolta indígena que resultou na morte de frades capuchinhos e, posteriormente, na morte de pelo menos dois mil índios em ataques ao aldeamento.
Como resultado, a população indígena se dispersou, com muitas crianças sendo levadas para fazendas da região como trabalhadores rurais. Este processo desorganizou a população Aranã remanescente, expropriando-a de seu território tradicional e privando-a de elementos cruciais de sua cultura, incluindo sua língua. O silêncio sobre as origens indígenas tornou-se, para muitos, uma estratégia de sobrevivência.
O silêncio de Sá Amélia ecoa o de milhares de indígenas que, por gerações, esconderam sua identidade. Mas os números do Censo 2022 do IBGE contam uma história diferente. A população indígena brasileira cresceu de 896,9 mil em 2010 para 1,69 milhão em 2022 - um aumento de 88,5% em apenas 12 anos. Em Minas Gerais, 36.699 pessoas agora se declaram indígenas.
Esse fenômeno se estende às áreas urbanas. Em Belo Horizonte, a capital mineira, 2.692 pessoas se identificam como indígenas. Em Contagem, na região metropolitana, são 796. Esses números, por um lado, refletem um avanço no reconhecimento e na autoidentificação indígena, pessoas que antes poderiam ser categorizadas simplesmente como 'pardas'.
Uma hipótese intrigante
Considerando a história da região, as habilidades de Sá Amélia, e o contexto de dispersão e miscigenação dos povos indígenas, surge uma pergunta: Poderia Sá Amélia ser descendente dos Aranã ou dos Tocoyós?

O relatório: Aranã: a luta de um povo no Vale do Jequitinhonha, produzido em 2003 pelo Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES), PRMG (Procuradoria da República em Minas Gerais), em parceria com ANAI (Associação Nacional de Ação Indigenista), revela que as famílias Aranã atuais reivindicaram as terras do Alagadiço e da fazenda Tocoiós, afirmando que eram terras de um outro aldeamento indígena, o de Lorena dos Tocoiós. Todas as famílias Aranã afirmam descender de um ancestral comum: Manoel Caboclo, um remanescente dos Aranã trazido ainda criança para trabalhar nas fazendas do Coronel Inácio Carlos Moreira Murta (fundador da cidade de Coronel Murta).
Embora não haja evidências concretas para confirmar a hipótese sobre Sá Amélia, a possibilidade nos convida a refletir sobre como as histórias pessoais podem ser janelas para um passado mais amplo.
A vida nas cidades, longe dos territórios tradicionais, pode dificultar a conexão com práticas ancestrais e o senso de comunidade, aspectos fundamentais para a preservação da cultura indígena. Isso dificulta a conexão com práticas ancestrais e com o senso de comunidade, aspectos fundamentais para a preservação da cultura indígena.
"Nosso povo tinha medo de falar que era indígena", diz Antonio Pankararu, morador da Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, localizada próxima a Coronel Murta. "Hoje tenho orgulho e me emociono comigo mesmo, sou indígena brasileiro e precisamos juntar nossos parentes".
Por outro lado, revelam uma realidade complexa: muitos desses indígenas vivem em áreas urbanas, frequentemente em periferias, enfrentando desafios para manter sua identidade cultural e tradições.
Olhar infantil
Enquanto os números oficiais apontam para um ressurgimento da identidade indígena, as percepções em nossa comunidade revelam nuances intrigantes. Nossa equipe realizou uma modesta, porém reveladora, investigação em Coronel Murta, conversando com 10 crianças de 9 anos. Através de desenhos e conversas informais, buscamos entender como essas crianças enxergam os povos indígenas.

Os resultados da pequena amostra atesta o estigma a que os indígenas de Coronel Murta e de todo país estão sujeitos e que se perpetua de geração a geração. Sete das dez crianças retrataram indígenas exclusivamente como caçadores ou pescadores. Nove delas acreditavam que os povos indígenas viviam apenas na Amazônia. Apenas três demonstraram curiosidade ou interesse positivo, enquanto mais da metade expressou algum receio sobre um possível encontro com indígenas.
Embora nossa investigação seja limitada, ela oferece um vislumbre valioso das percepções locais. A predominância de imagens estereotipadas sugere que nossas crianças têm uma visão restrita da vida indígena contemporânea. O fato de quase todas situarem os indígenas apenas na Amazônia revela um desconhecimento da presença indígena aqui mesmo em Minas Gerais.
O baixo nível de curiosidade positiva, combinado com expressões de medo, nos faz questionar: que informações nossas crianças estão recebendo sobre os povos indígenas? Esses resultados parecem refletir conversas e ideias que circulam em nossa comunidade e, possivelmente, em nossas escolas.
Quando uma de nossas crianças desenha um indígena com arco e flecha, isolado na floresta amazônica, vemos mais que um simples desenho. Vemos o reflexo de histórias que têm sido contadas e recontadas, simplificando e, muitas vezes, distorcendo a rica realidade dos povos originários.
Nesses desenhos coloridos, encontramos camadas de significado: o esquecimento de povos como os Aranã e Pankararu, que vivem na mesma cidade de Minas Gerais, a transformação de culturas complexas em imagens simplificadas e exóticas.
Nossa pequena investigação contrasta fortemente com a realidade da presença indígena em Minas Gerais. Ela nos lembra do silêncio de pessoas como Sá Amélia, cuja herança indígena ficou escondida por tanto tempo. A lacuna entre a imaginação de nossas crianças e a realidade revela o desafio: educar sobre a diversidade indígena, não apenas em terras distantes, mas aqui, em nossas comunidades mineiras.
Resistência
A historiadora local Mery Murta estabelece uma conexão direta entre a história da região e Sá Amélia: "Eu conheço descendentes dos índios. Tem Sá Amélia, ela é índia, morou com seus avós e ancestrais lá na região que compreende o Jatobá e Morro Redondo. A família dela foi expulsa [...]. Ela passou a viver na Fazenda Bonfim, também de parentes meus. Depois foi para o povoado em busca de melhores condições de vida."
Este testemunho não só confirma a herança indígena de Sá Amélia, mas também ilustra o caminho de deslocamento forçado que sua família enfrentou. Da região de Jatobá e Morro Redondo, passando pela Fazenda Bonfim, até chegar ao povoado que se tornaria Coronel Murta, a jornada de Sá Amélia reflete as etapas de adaptação e sobrevivência enfrentadas por muitas famílias indígenas.
A resistência dos povos indígenas contra as incursões colonizadoras foi feroz, mas estava em clara desvantagem diante das armas de fogo e das doenças trazidas pelos invasores. O resultado foi devastador: muitos foram dizimados, outros escravizados, e alguns, como os ancestrais de Sá Amélia, forçados a uma assimilação que quase apagou sua identidade cultural.
O impacto da colonização
As transformações na região foram profundas e contínuas, refletindo séculos de desapropriação e mudanças de poder. A história do local, hoje conhecida como Coronel Murta, é um testemunho dessa evolução.
Por volta de 1908, o Coronel Inácio Carlos Moreira Murta fundou o arraial de Boa Vista do Jequitinhonha. Quatro décadas depois, em 1948, o arraial foi elevado à categoria de distrito, mas com um novo nome: Itaporé, que na língua indígena significa Cachoeira da Pedra. Esta mudança, embora incorporasse um termo indígena, já sinalizava o início de uma nova era.
O processo de transformação culminou em 1953, quando Itaporé não apenas se tornou município, mas também recebeu o nome de Coronel Murta, em homenagem ao seu fundador. Essas alterações sucessivas no nome e no status do local simbolizam claramente a consolidação do poder colonial e, posteriormente, das elites locais sobre o território originalmente habitado por povos indígenas.

A progressão de um simples arraial com nome português, passando por um distrito com nome indígena, até chegar a um município que homenageia um colonizador, conta silenciosamente a história da sobreposição gradual da influência dos recém-chegados sobre a herança ancestral da região.
Mery Murta oferece um relato revelador sobre a aquisição e o destino das terras locais, que ilustra as camadas de apropriação ao longo do tempo: "As terras de todo o Alagadiço pertenciam a tia Mariquinha, tudo era dela, era um latifúndio mesmo. Infelizmente a gente não pode fugir da história, minha tia-avó, né, então... eles chegaram e invadiram, tomaram mesmo (...). E aí você sabe [...] que o bispo prometeu pra ela, que se ela desse as terras, ela ganharia uma cadeirinha no céu? E aí ela fez tudo de porteira fechada e depois entregou tudo para a igreja..."
Este episódio demonstra como as terras, já tomadas dos povos indígenas pelos colonizadores, continuaram a mudar de mãos através de estratégias que misturavam poder, religião e crenças locais. A promessa de uma "cadeirinha no céu" em troca de terras revela os métodos empregados para concentrar ainda mais propriedades, desta vez nas mãos da Igreja.
Curiosamente, o destino dessas terras tomou um rumo inesperado décadas depois. Mery relata: "Então, com isso, depois, em 1982, Dom Enzo, que era muito de um espírito progressista, socialista e tal, vendo aquele mundo véio de terra [...] e era uma pessoa humanista e que entendia os problemas sociais. [...], distribuiu as terras para as pessoas que moravam no território da minha tia [...] aí foi passando, de geração em geração..."

Dom Enzo, segundo Mery, realizou a primeira reforma agrária na região, doando as terras para alguns posseiros que lá estavam, para indígenas Pankararu que ele trouxe de Pernambuco, e para indígenas Aranã. Esta ação, embora não pudesse desfazer séculos de injustiças, representou um passo simbólico na direção de reconhecer e parcialmente reparar o deslocamento histórico dos povos indígenas. O religioso Dom Crescenzo Rinaldini, mais conhecido como Dom Enzo, atuou na Diocese de Araçuaí-MG por mais de 50 anos como padre, bispo e bispo emérito.
Para os povos indígenas, que haviam sido sistematicamente expulsos de suas terras ancestrais ao longo de gerações, esta redistribuição ofereceu uma rara oportunidade de reconexão com a terra. No entanto, é importante reconhecer que isso ocorreu no contexto de um longo processo histórico de desapropriação e marginalização.
A complexidade da questão indígena em Minas Gerais continua a se refletir na diversidade de etnias e na situação atual de seus territórios. Hoje, o estado abriga 18 cidades com territórios indígenas em diferentes estágios de reconhecimento e demarcação, incluindo etnias como Pataxó Hã-Hã-Hãe, Maxakali, Aranã, Xukuru-Kariri, Pataxó, Kaxixó, Krenak, Mukurin, Pankararu, Tuxá e Xacriabá.
Esta narrativa de apropriação, concentração e eventual redistribuição parcial de terras ilustra os múltiplos níveis de injustiça e mudança enfrentados pelos povos indígenas ao longo dos séculos. Embora ações como a de Dom Enzo representem passos na direção de uma maior justiça social, elas também destacam a complexidade contínua da questão fundiária e da identidade indígena na região, lembrando-nos do longo caminho ainda a ser percorrido para uma verdadeira reparação histórica.
A distribuição da população indígena em Minas Gerais revela concentrações significativas em algumas cidades, oferecendo um panorama interessante da presença indígena no estado. São João das Missões lidera com uma expressiva população de 10.398 indígenas, refletindo a forte presença da etnia Xakriabá na região. A capital, Belo Horizonte, surge em segundo lugar com (2.692) indígenas, demonstrando a crescente presença indígena nos centros urbanos. Itacarambi, com 1.698 indígenas, Santa Helena de Minas com 1.239, e Montes Claros, com 802, completam a lista das cinco cidades mineiras com maior população indígena.
Esses números não apenas ilustram a diversidade da presença indígena no estado, mas também destacam o contraste entre comunidades tradicionais em seus territórios ancestrais, como em São João das Missões, e a realidade dos indígenas em grandes centros urbanos, como Belo Horizonte. É notável que Montes Claros, apesar de ter uma população total significativamente maior que as outras cidades listadas (exceto Belo Horizonte), apresenta uma concentração menor de indígenas em números absolutos.
A presença indígena em Minas Gerais vai muito além dessas concentrações principais, revelando um padrão de dispersão significativo por todo o estado. Enquanto apenas 18 cidades possuem territórios indígenas oficialmente reconhecidos em diferentes estágios de demarcação, a realidade é que indígenas residem em 690 dos 853 municípios mineiros. Este contraste notável entre o número de cidades com territórios demarcados e aquelas com presença indígena ilustra a complexidade da questão indígena no estado.
De fato, existem muitos indígenas vivendo em cidades de Minas Gerais sem aldeias ou territórios indígenas oficialmente reconhecidos, o que destaca a necessidade de políticas públicas que atendam às necessidades dessa população dispersa e frequentemente invisibilizada.
Essa ampla dispersão, abrangendo mais de 80% dos municípios de Minas Gerais, reflete diversos fatores históricos e contemporâneos: desde migrações forçadas e deslocamentos devido a conflitos territoriais, até a busca por oportunidades econômicas e educacionais em centros urbanos. Para muitos, como os descendentes de Sá Amélia, essa dispersão resultou em um distanciamento de suas raízes culturais e territoriais, levando a gerações de silêncio e ocultação de identidade.
Ao mesmo tempo, essa presença difusa em centenas de municípios mineiros desafia a percepção comum de que os indígenas estão confinados a áreas remotas ou reservas. Na verdade, eles são parte integrante do tecido social de Minas Gerais, contribuindo para a diversidade cultural do estado em praticamente todas as regiões. A existência de indígenas em cidades sem aldeias ou territórios demarcados ressalta a urgência de políticas públicas que atendam às necessidades específicas dessa população urbana e rural dispersa, preservando sua identidade cultural mesmo fora dos contextos tradicionais.
Marco Temporal
Hoje, essa história de resistência e sobrevivência está no centro de um debate nacional. O Marco Temporal, uma tese jurídica que argumenta que os povos indígenas só teriam direito às terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988 (data da promulgação da Constituição), ameaça reverter décadas de progresso nos direitos indígenas. Se aprovado, poderia afetar 303 terras indígenas em processo de demarcação, abrangendo uma área de 9,8 milhões de hectares - quase o tamanho de Portugal.
Os descendentes de Sá Amélia tem de que se orgulhar, na atual Coronel Murta, nas últimas eleições, 5 candidatos concorreram ao cargo de vereadores se autodeclarando indígenas. Não foram eleitos, ainda não.
Enquanto o debate se desenrola em Brasília, no Vale do Jequitinhonha, o legado de Sá Amélia continua vivo nas memórias de sua neta. Teresa, agora uma senhora, lembra-se vividamente da casa onde morava com sua avó. "Não era somente o chão, as paredes também eram todas com barro branco."
Cronologia dos Eventos Históricos dos Aranã
e da Região de Coronel Murta (1847-2024)
Ano | Evento |
---|---|
1847 | Início da colonização do Vale do Mucuri pela Companhia do Mucuri |
1873 | Fundação da missão capuchinha de Nossa Senhora dos Anjos do Itambacuri |
1883 | Nascimento de Pedro Sagê na Fazenda Alagadiço |
1893 | Seca severa e revolta indígena no Aldeamento Nossa Senhora dos Anjos |
1911 | Extinção do aldeamento em Itambacuri |
Início séc. XX | Família Figueiredo Murta se apropria de terras do Aldeamento Indígena de Lorena dos Tocoiós |
1923 | Nova Vista do Jequitinhonha é renomeado para Itaporé |
1944 | D. Mariquinha Murta doa a Fazenda Alagadiço para a Diocese de Araçuaí |
1953 | Itaporé é renomeado para Coronel Murta |
1960 | Morte de Pedro Sagê |
1970-1980 | Instalação de aproximadamente 20 empresas de reflorestamento na região norte do Estado |
1982 | Diocese de Araçuaí doa parte das terras da Fazenda Alagadiço; Dom Enzo realiza "reforma agrária" local |
1994 | Diocese doa parte das terras a famílias Pankararu |
2000 | Aranã pleiteiam reconhecimento e demarcação de território junto à Funai |
2003 | Publicação de estudo sobre história Aranã; Audiência pública para reconhecimento oficial dos Aranã |
2003-2004 | Comunidades discutem reversão do uso da terra para pequenos produtores |
2005 | Funai instaura processo para demarcação do território Aranã; Chegada de famílias Pankararu e Pataxó |
2007 | Denúncia de desmatamento de 2.000 hectares da chapada para plantio de eucalipto |
2010 | Censo IBGE registra 896,9 mil indígenas no Brasil |
2022 | Censo IBGE registra 1,69 milhão de indígenas no Brasil; 36.699 em Minas Gerais |
2024 | 5 candidaturas indígenas na cidade de Coronel Murta |

Escute lindos cantos indígenas do Cacique Ferrinho e seu povo em Alagoas
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